segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Vaticano assinalou início do Advento

Bento XVI presidiu este Sábado à celebração das primeiras Vésperas do I Domingo do Advento, considerando que o tempo litúrgico de preparação para o Natal é de alegria interiorizada. A homilia do Papa concentrou-se no sentido da palavra “vinda” (em latim, “adventus”). Classificando o Advento como “tempo da presença e da expectativa do eterno”, Bento XVI observou que precisamente por isso é, de modo especial, tempo de alegria.

O Papa fez notar que no mundo antigo, advento era o termo técnico para indicar a chegada de um funcionário, ou a visita de um rei ou imperador. Podia indicar também a vinda de uma divindade, que sai do escondimento para manifestar a sua potência, ou que é celebrada no culto. Usando esta palavra desde o início da historia da Igreja, os cristãos queriam substancialmente dizer: “Deus está aqui, não se retirou do mundo, não nos deixou sós. Embora não O possamos ver e tocar, Ele está aqui e vem visitar-nos de múltiplos modos”. Para Bento XVI, a expressão “advento” inclui também a ideia de “visita”, visita de Deus, que “entra na minha vida e quer dirigir-se a mim”.

Bento XVI convidou os fiéis a “viver intensamente o presente, projectados para o futuro, um futuro denso de esperança”. “O Advento – concluiu Bento XVI – é o tempo da presença e da expectativa do eterno. Precisamente por esta razão é, de modo particular, o tempo da alegria, de uma alegria interiorizada, que nenhum sofrimento pode anular. A alegria pelo facto de que Deus se fez menino. É esta alegria, invisivelmente presente em nós, que nos encoraja a caminhar confiantes”.

A Palavra Cria

No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o sopro de Deus pairava sobre as águas.

Deus disse: "Faça-se a luz." E a luz fez-se. Deus viu que a luz era boa, e Deus separou a luz das trevas. Deus chamou à luz "dia", e às trevas "noite". Aconteceu uma tarde, e aconteceu uma manhã: foi o primeiro dia.

E Deus disse: "Que haja um firmamento no meio das águas, e que ele separe as águas." Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam sob o firmamento das que estavam por baixo do firmamento. E assim foi. Deus chamou ao firmamento "céu". Aconteceu uma tarde, e aconteceu uma manhã: foi o segundo dia.

E Deus disse: "Reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus num só lugar, para aparecer terra firme." E assim foi. Deus chamou à terra firme "terra" e à massa das águas "mar". E Deus viu que isso era bom.

Deus disse: "Que a terra produza ervas, plantas que tenham sementes e árvores de fruto que dêem frutos contendo semente, segundo a sua espécie." E assim foi. A terra produziu a erva, plantas com sementes e árvores de fruto que deram frutos contendo sementes, segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. Aconteceu uma tarde, aconteceu uma manhã: foi o terceiro dia.

E Deus disse: "Haja luminários no firmamento dos céus para separar o dia da noite; que sirvam de sinais para marcar as festas, os dias e os anos; e que eles sejam, no firmamento dos céus, as luminárias que vão iluminar a terra." E assim foi. Deus fez duas grandes luminárias: a maior para reinar sobre o dia, a menor para reinar sobre a noite; também fez as estrelas. Deus colocou-as no firmamento dos céus para iluminar a terra, para reinar sobre o dia e sobre a noite, para separar a luz das trevas. E Deus viu que isso era bom. Aconteceu uma tarde, aconteceu uma manhã: foi o quarto dia.

E Deus disse: "Que as águas sejam habitadas por uma profusão de seres vivos, e que as aves voem sobre a terra, sob o firmamento dos céus." Deus criou, segundo a sua espécie, os grandes monstros marinhos, todos os seres vivos que se movem nas águas, e todas as aves, segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. Deus abençoou-os e disse estas palavras: "Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei os mares, que as aves se multipliquem sobre a terra." Aconteceu uma tarde, aconteceu uma manhã: foi o quinto dia.

E Deus disse: "Que a terra produza seres vivos segundo a sua espécie, animais domésticos, répteis e animais ferozes, segundo a sua espécie." E assim foi. Deus fez os animais selvagens segundo a sua espécie, os animais domésticos segundo a sua espécie e os répteis segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança. Que ele seja senhor dos peixes do mar, das aves do céu, dos animais domésticos, de todos os animais selvagens, e de todos os répteis que rastejam sobre a terra." Deus criou o homem, à sua imagem, à imagem de Deus o criou, ele os criou homem e mulher. Deus abençoou-os e disse-lhes: "Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a. Sede os senhores dos peixes do mar, das aves do céu, e de todos os animais que se movem sobre a terra." Deus disse ainda: "Dou-vos todas as plantas que têm semente sobre a face da terra, e toda a árvore cujo fruto transporta uma semente: isso será o vosso alimento. Aos animais selvagens, às aves do céu, a tudo o que se move sobre a terra e que tem sopro de vida, dou como alimento toda a erva verde." E assim foi. E Deus viu tudo o que tinha feito: era muito bom. Aconteceu uma tarde, aconteceu uma manhã: foi o sexto dia.

Assim foram feitos o céu e a terra e todo o seu conjunto. No sétimo dia, Deus tinha concluído a sua obra. Ele repousou, no sétimo dia, de toda a obra que tinha feito. E Deus abençoou o sétimo dia: fez dele um dia sagrado porque, nesse dia, ele repousara de toda a obra de criação que tinha feito. Esta é a origem do céu e da terra, quando foram criados. (Gn 1, 1-31; Gn 2, 1-4)


Que princípio é este?
Em hebraico, a primeira palavra da Bíblia significa "num princípio" mas também "cabeça", o que implica a ideia de excelência ou de modelo, como se diz de um aluno que é o primeiro da sua turma. Assim, este princípio é muito importante. Os autores do Génesis não falam nem do começo do tempo, do primeiríssimo instante, nem do começo absoluto de todas as coisas. Para eles, este começo ou princípio, é o momento em que Deus decide criar.

A Força da Palavara
Para as civilizações vizinhas, mas antigas do que a Bíblia (mesopotâmica ou egípcia), a criação do mundo tem a ver, sobretudo, com um deus artesão e com algumas divindades que deviam combater as forças do caos. Encontra-se também o cenário de um parto resultante da união sexual dos deuses.
A narrativa bíblica guardou certos traços dos dois primeiros cenários, mas distingue-se pela insistência no facto de que Deus criou pela palavra: «Deus disse... e fez-se luz.» Os seis dias da narrativa da criaçção distinguem-se pelas "dez palvras" que Deus pronuncia para criar e organizar o mundo.

O Firmamento - Os antigos hebreus representavam a Terra como um disco plano, protegido por uma semi-esfera sólida: céu ou firmamento. Esta abóbada é iluminada por astros e rasgada por aberturas para deixar passar a chuva, o granizo , a neve.

Luminários - É o nome dos astros: estrelas, planetas, cometas. Na época bíblica, numerosos povos prestam um verdadeiro culto ao Sol ou à Lua. Contudo, os autores da Bíblia lançaram uma ideia nova: os atros não são divindades. Fazem parte da Criação, como o Céu e a Terra.

O Homem na Natureza
A criação do universo aparece, em toda a sua diversidade, como uma obra planificada e ordenada por Deus. Para coroar esta obra, deus cria o ser humano e confia-lhe o acompanhamento das coisas e o pleno desenvolvimento dos recursos do universo e da natureza. O ser humano está ligado, desde a sua criação, a este universo e à natureza que o rodeia, devendo agir em interacção com eles. A sua responsabilidade é grande, e ele deve exercê-la no prolongamento do gesto criador de Deus, para que a vida se multiplique e para que, transformando a natureza, possa contribuir para embelezar o universo.

Nós somos o espelho de Deus?
A palavra "imagem" tem o sentido de "representação", "efígie". A Bíblia emprega esta palavra a propósito dos reis que fazem erigir uma estátua em sua honra. Deus agiu como esses reis: mas, para se representar, escolheu o ser humano, livre e responsável, e não uma estátua imóvel, sem alma. Assim, Deus torna-se mais familiar, mais humano. Isto significa ainda que, no mais profundo do homem, há alguma coisa de divino. Mas atençção: para os autores da Bíblia, o homem não é Deus! Eles afirmam simplesmente que, naquilo que o homem tem de melhor, podemos encontrar a melhor imagem de Deus.

O sétimo dia, Dia Sagrado
Depois de ter criado o mundo em seis dias, Deus repousou um dia inteiro. Primeiro a civilização judaica, depois a cristã retomaram esta frase da Bíblia para organizar a sua própria vida e ritmar o tempo. Os judeus param de trabalhar ao sábado, dia do sabbat, enquanto os cristãos escolheram o domingo para celebrar Deus, em memória da ressurreição de Cristo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Vindo do Filho do Homem

E disse também: "Haverá sinais no Sol, na Lua e nas estrelas, e todas as nações da terra ficarão aflitas e assustadas com o terrível bramido do mar agitado. Haverá quem desfaleça com medo do que vai acontecer em toda a terra, porque as forças do espaço serão abaladas. Verão então o Filho do Homem chegar numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, animem-se e levantem a cabeça, porque já estará próxima a vossa salvação." (...)

E acrescentou: "Tenham muito cuidado! Não se deixem cair nos exageros do comer e do beber, nem se deixem absorver pelos muitos cuidados desta vida! Não vá acontecer que aquele dia vos apanhe de surpresa, pois ele virá como uma armadilha, sobre todos os habitantes da terra. Estejam bem atentos, e peçam sempre a Deus para que possam escapar a todas estas coisas que vão acontecer e para que possam apresentar-se firmes diante do Filho do Homem." (Lc 21, 25-28; 34-36)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Domingo I do Advento

O tema principal desta semana é a vigilância, a espera na vinda do Senhor.

Na primeira leitura (Jer 33, 14-16) Jeremias faz referência à promessa feita a David, sobre o envio do Messias, por meio do qual Deus agirá para salvar do pecado o homem, o mundo e a história.

Na segunda leitura (1 Tes 3, 12 - 4, 2) São Paulo alegra-se com as boas notícias recebidas de Timóteo acerca da situação espiritual da comunidade de Tessalónica. No entanto, não deixa de referir que a vida cristã é essencialmente progresso.

O Evangelho (Lc 21, 25-28.34-36) lembra-nos a segunda vinda do Senhor. O cristão deverá viver na expectativa desse dia, penetrando a sua vida de esperança e buscando na oração força para trabalhar na preparação do Reino.

Verde é a cor escolhida para a vela que acendemos nesta primeira semana. Cor da esperança, incentiva-nos a orar e vigiar, a confiar na vinda do Senhor.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Advento

Advento é o nome que se dá ao período das quatro semanas anteriores ao Natal, durante o qual a Igreja nos convida a preparar a festa da vinda de Jesus:
- a vinda histórica, em carne mortal, como Menino;
- a vinda triunfal, como Rei e Senhor;
- a vinda íntima, permanente, ao cristão que prepara o seu coração.

Durante o Advento, Jesus vem despertar as nossas capacidades de amor, de oração, de confiança em Deus, de bondade, de solidariedade e de oração, que estavam adormecidas no fundo de cada um de nós! Ele vem despertar em nós o amor a Deus e o amor ao próximo. Vem despertar em nós a alegria de sermos amados por Deus.


A Coroa do Advento, de origem escandinava e germânica, consiste numa coroa feita com ramos verdes e flores, na qual se inserem quatro velas que significam as quatro semanas de preparação para o Natal, ou seja, o Advento. Esta coroa ajuda a aprofundar a espera e a intensificar, em cada semana, a preparação para a vinda do Senhor. A sua forma circular indica perfeição, a plenitude a que devemos aspirar na nossa vida de cristãos. Como coroa, significa a dignidade, a realeza que Cristo veio outorgar ao cristão, isto é, a honra, a grandeza, a alegria, a vitória. Os ramos verdes significam também o senhorio de Cristo sobre a vida e a natureza, dons de Deus que merecem o nosso cuidado e respeito. A luz que se acende indica o caminho, é símbolo de Cristo, luz do mundo. Acende-se uma vela a cada semana, simbolizando a nossa ascensão gradual para a plenitude da luz do Natal.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PENTATEUCO - Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio

O Pentateuco é, ao mesmo tempo, a abertura e o coração do Antigo Testamento. Abertura porque se trata dos primeiros livros da Bíblia. Abertura, também, porque é aí que se encontram as narrativas da criação do mundo, e a história das origens do povo de Israel. O conjunto destes textos representa, para os judeus, a lei que regula toda a sua existência, a direcção a seguir e a transmitir. É este o significado da palavra hebraica torá. É a memória viva de toda a Bíblia, tanto para os judeus como para os cristãos. Em grego, a palavra Pentateuco designa os estojos que continham os rolos dos cinco primeiros livros da Bíblia.
Autores?

Durante muito tempo, pensou-se que Moisés era o autor do Pentateuco, porque ele ocupa nestas narrativas um lugar muito importante. Hoje, sabe-se que a redacção destes textos demorou muito tempo. Todos estes textos foram reunidos e compostos depois da vitória do imperador persa Ciro sobre os babilónios, em 539 a. C. Os babilónios tinham esmagado o reino de Judá e destruído Jerusalém. Os judeus regressam então do exílio, protegidos pela paz de Ciro, e reencontram uma grande liberdade religiosa. Correntes diferentes de sacerdotes e escribas participam na redacção desta formidável busca das origens, a partir de documentos antigos, de fontes orais ou escritas. A sua ambição é transmitir de geração em geração os valores fundadores da história do povo de Deus, de Israel. Ao contrário das nossas modernas preocupações, não se trata de dar um testemunho histórico ou cinetífico sobre as origens do mundo. Trata-se de se narrar para viver. Para os judeus, como para os cristãos, não há lei nem fé válidas se não forem enraizadas na memória das narrativas vivas que atravessam as gerações.


Um Deus que liberta

O Pentateuco conta as origens do povo de Israel como uma história de libertaçção, cuja iniciativa se deve ao Deus único de Abraão, de Isaac, de Jacob e de Moisés. O povo hebreu volta a ser escravo no Egipto. Deus liberta-o. A saída do Egipto e a libertação da escravatura, sob a direcção de Moisés, são os acontecimentos fundadores que brilham em toda a Bíblia.

GÉNESIS - Génesis é o título dado ao primeiro livro da Bíblia pelos judeus de Alexandria que, a partir ddo século III a.C., traduziram em grego as Escrituras hebraicas. Com efeito, Génesis significa, em grego, "começo, início". Neste livro, o povo de Israel e as suas instituições ainda não existem. O livro é composto por três partes: a história da criação do mundo (capítulos 1 a 11), a história dos grandes patriarcas (capítulos 12 a 36) e a história de José (capítulos 37 a 50).

ÊXODO - O título deste livro vem do grego latinizado exodus, que significa "saída". Esta narrativa relata a saída do povo de Israel do Egipto, os primeiros passos do povo livre no deserto, depois a aliança do Senhor Deus com o seu povo. A sua escrita terá começado muito cedo, talvez no século X a. C., mas a redação final data do século VI a. C.

LEVÍTICO - A época narrada neste livro insere-se entra a saída do Egipto e o início dos quarenta anos de marcha do povo de Israel no deserto. O seu título faz referência não à instituição dos levitas (assistentes de sacerdotes), mas à tribo de Levi, de onde saiu Aarão, o irmão de Moisés. Este texto é constituído por um conjunto de leis.

NÚMEROS - O Levítico tinha deixado o povo de Israel reunido ao pé do Sinai. O livro dos Números abre com uma ordem de marcha: o povo deixa o Sinai e retoma o seu caminho através do deserto. O título refere-se às numerosas contagens que se encontram na obra por ocasição dos recenseamentos.

DEUTERONÓMIO - Esta palavra vem do grego e significa "segunda lei". A palavra aparece no capítulo 17 e designa a cópia da Lei que o futuro rei do povo deverá escrever na presença dos levitas, e que deverá guardar consigo. Moisés é a personagem central: é sempre ele que fala em todo o livro. O último capítulo narra a sua morte, na terra de Moab, à entrada da Terra prometida.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Jesus Cristo - o Rei dos Judeus!


Pilatos entrou novamente no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: "Tu és o Rei do Judeus?"

Ele respondeu: "Perguntas-me isso, porque tu mesmo o pensaste, ou foram os outros que to disseram de mim?"

Pilatos replicou: "Acaso sou eu judeu? O teu povo e os chefes dos sacerdotes é que te entregaram a mim. Que é que tu fizeste?"

Jesus respondeu-lhe: "O meu reine não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus servos teriam lutado para eu não cair nas mãos das autoridades judaicas. Mas o meu reino é diferente."

Nesta altura, Pilatos perguntou-lhe: "Mas então sempre és Rei?"

Jesus respondeu-lhe: "És tu que o dizes: eu sou rei. Nasci e vim ao mundo para dizer o que é a verdade. Todos os que vivem da verdade ouvem aquilo que eu digo." (Jo 18, 33 -37)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cristo Rei

A liturgia deste último domingo do Ano Litúrgico, neste ano em que seguimos o Ano B, comemora a Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

Na primeira leitura (Dan 7, 13-14) surge-nos a imagem do Messias enquanto Rei, Sacerdote e Profeta. Anuncia-se o Reino de Deus, que um dia chegará, libertando o povo do exílio.

Na segunda leitura (Ap 1, 5-8) São João procura transmitir um certo optimismo e confiança ao povo, perseguido na época pelo imperador Diocleciano, para que não se deixem os cristãos confundir no meio do sofrimento: Cristo é o princípio e o fim.

No Evangelho (Jo 18, 33b-37) Jesus Cristo assume-se como Rei diante de Pilatos, um Rei não deste mundo, mas de um povo universal, onde todos os homens de boa vontade têm lugar. A Sua realeza é diferente daquela que a multidão Lhe pretende atribuir, pois o triunfalismo não o seduz.

Ao terminar este ano litúrgico, pensemos no reinado que Jesus Cristo os propõe. A realeza de Cristo reflecte-se na Igreja, não no seu esplendor e poderio social, mas na vivência da justiça e da caridade.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Conselho Pastoral Paroquial


ALTERAÇÃO

O Conselho Pastoral Paroquial do Ferro irá reunir no próximo dia 29 de Novembro às 17 horas, no salão da casa da catequese.

A Bíblia - o que sabemos? (3)

As traduções

A Bíblia é um dos livros mais traduzidos no mundo. Entre os cristãos do Ocidente, a primeira das grandes traduções, a Vulgata, foi feita por S. Jerónimo, no século IV da nossa era. S. Jerónimo traduziu em latim a partir de textos hebraicos e gregos. No entanto, o latim só era compreendido pelos sábios e pelas pessoas da Igreja. É necessário esperar pelo século XV para que a Bíblia seja traduzida em línguas compreendidas por um maior número de pessoas. Assim, Martinho Lutero, traduzindo a Bíblia em alemão e utilizando a imprensa, recentemente inventada, queria permitir aos crentes aceder ao texto sagrado sem passar pela medição da Igreja, que ele julgava corrupta. No século XX conheceu também numerosas traduções, que correspondem cada uma a uma fase da reflexão dos estudos bíblicos.

Como ler a Bíblia?

A Bíblia não é um livro como os outros. Não é um texto ditado por Deus, mas transmitido por homens inspirados por Deus. Os crentes consideram-na como um livro santo, um livro que evoca a relação entre os homens e Deus. E a sua leitura exige esforços, porque esta relação não é simples. Ela oscila entre esperanças e decepções, momentos de grandeza ou de violência. Ah! Se Deus tivesse feito do homem uma criatura obediente e sem ambiguidades! Mas Deus preferiu deixar ao homem a liberdade, nomeadamente a liberdade de escolher entre o bem e o mal. As numerosas narrativas bíblicas ilustram os riscos e as consequências destas escolhas. Elas também tentam acordar-nos quando a fé se torna demasiado rotineira. Nos Evangelhos, Jesus provoca os "bons crentes", preferindo-lhes as crianças, os marginais: é uma forma de recordar que a relação com Deus passa pelo amor aos outros, e não pela aplicação cega de receitas feitas.
A Bíblia é um livro exigente tal como a relação com Deus. Não se lê como um romance, mas como a narrativa de uma aliança que compromete o crente numa relação particular entre Deus e os homens.


Em sentido literal

Durante muito tempo, a maior parte dos fiéis pensava que era necessário ler a Bíblia literalmente. Julgavam, por exemplo, que Deus havia criado o mundo em sete dias. Mas, as descobertas da ciência, contradizendo cada vez mais algumas passagens da Bíblia, levaram-nos a uma leitura mais simbólica e mais atenta aos seus diferentes géneros literários. Assim, pode verificar-se, entre outras coisas, que o número sete é muitas vezes utilizado na Bíblia para exprimir a perfeição. É o que acontece com a narrativa da criação. É irrelevante tratar-se de sete dias ou de sete séculos. O que importa é a perfeição absoluta da obra de Deus.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Vinda do Filho do Homem

Depois daqueles dias de sofrimento, o Sol ficará escuro e a Lua deixará de brilhar. As estrelas cairão e os poderes do céu hão-de estremecer.
Hão-de ver então o Filho do Homem aparecer nas nuvens com grande poder e glória. E Ele enviará os anjos para reunirem os seus escolhidos de um extremo ao outro do mundo.

Aprendam a lição que a figueira vos dá. Quando ela já tem ramos tenros e começam as folhas novas a nascer é porque o Verão se aproxima. Do mesmo modo, quando virem acontecer estas coisas, fiquem sabendo que o tempo se aproxima. E garanto-vos que todas estas coisas hão-de acontecer antes de desaparecer a gente deste tempo.

Desaparecerão os céus e a terra, mas as minhas palavras não desaparecem!

O dia e a hora dos acontecimentos é que ninguém sabe. Nem os anjos do céu, nem o Filho. Só o Pai é que sabe. (Mc 13, 24-32)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Domingo XXXIII do Tempo Comum

A liturgia deste dia incentiva a esperança num mundo novo em construção, com o fim de atingir a ressurreição.

A primeira leitura (Dan 12, 1-3) foi escrita numa altura em que o povo judeu sofria uma dura perseguição pelo príncipe da Síria, sendo muitos os que eram mortos pela intransigência da sua fé. Daniel fala da ressurreição como início da felicidade para além da morte.

A segunda leitura (Hebr 10, 11-14.18) explica que o exercício ministerial do sacerdócio só é possível como participação do sacerdócio real de Cristo. Em Cristo são perdoados os pecados, em busca da perfeição, que chegará um dia.

No Evangelho (Mc 13, 24-32) Jesus anuncia a sua vinda no fim dos tempos. No entanto, importa ter em mente que Ele constantemente passa por nós, e deveremos interpretar os acontecimentos através dos quais Ele nos fala.

No contexto deste ano sacerdotal, tomemos também nós, leigos, consciência da nossa função específica no conjunto harmonioso da humanidade, caminhando na construção deste mundo novo, há muito anunciado e esperado.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Escala de Leitores (21-11-2009 a 09-01-2010)

Está disponivel a nova Escala dos Leitores do Grupo de Sábado à noite!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Bíblia - o que sabemos? (2)

Um Antigo e um Novo Testamento

"Antigo" e "Novo Testamento" são designações cristãs. O Antigo Testamento corresponde à Bíblia Judaica: é para os cristãos a primeira aliança que Deus fez com os homens. O Novo Testamento é a nova aliança que Deus fez com os homens, enviando-lhes o seu filho, Jesus. Nos Evangelhos, Jesus faz constantemente referência a profecias e episódios contidos no Antigo Testamento. Ele diz que veio cumprir o que anuncia a primeira aliança.


O passado de um povo

Podemos supor que os hebreus, regressando do seu exílio na Babilónia, no século VI antes da nossa era, quiseram recolher narrativas antigas e escrever outras para recordar a sua grandeza passada. Como acontece frequentemente, esse passado foi, algumas vezes, embelezado. O rei Salomão talvez não fosse assim tão rico e tão sábio como descreve o livro dos Reis. Mas naquela altura era preciso vê-lo assim, para dar ao povo judeu a fidelidade e a esperança necessárias para se reabilitar depois do exílio.


A cada um a sua Bíblia

Um cristão não tem a mesma Bíblia que um judeu. Com efeito, os judeus não consideram Jesus como o Messias e, por isso, não reconhecem o Novo Testamento. Mas mesmo os cristãos não utilizam todos a mesma Bíblia. Existem variantes que distinguem as bíblias católicas, ortodoxas e protestantes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Jesus censura os doutores da Lei


Jesus continuava a ensinar o povo e dizia: «Cuidado com os doutores da Lei, que gostam de andar a passear com trajos vistosos e de serem cumprimentados com todas as atenções na praça pública. Escolhem os primeiros lugares tanto na casa de oração como nos banquetes. Devoram os bens das viúvas e desculpam-se fazendo orações muito compridas. Mas Deus há-de castigá-los ainda mais por causa disso."

Noutra ocasião estava Jesus sentado no templo, em frente da caixa das ofertas, e observava como o povo lá deitava dinheiro. Muitas pessoas ricas deixavam grandes esmolas. Nisto, chega uma viúva pobre e põe na caixa duas moedas de cobre com pouco valor. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Fiquem sabendo que esta viúva pobre foi quem deitou mais na caixa. Os outros deram do que lhes sobeja, ela, porém, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para viver». (Mt 12, 38-44)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Domingo XXXII do Tempo Comum

A liturgia deste dia faz notar que é necessário o contributo de todos para fazer avançar a humanidade no caminho da salvação.

A primeira leitura (1 Reis 17, 10-16) conta-nos o episódio da viúva de Sarepta, quase um “milagre da multiplicação dos pães”. Com a fé de Elias e a generosidade da viúva, o Senhor dá uma lição ao povo rebelde e infiel.

A segunda leitura (Hebr 9, 24-28) ensina-nos que a salvação não é algo estático e realizado. Pelo contrário, o caminho para a salvação exige todo um processo de transformação no comportamento da humanidade e do indivíduo.

O Evangelho (Mc 12, 38-44) explica-nos que aos olhos de Deus não contam as acções em si, mas o espírito que as domina. Jesus Cristo insurge-se contra a falsidade de quem ostenta o que oferece, elogiando a esmola da viúva, modesta no seu valor, mas maior no seu significado.

Nestes tempos de dificuldade económica em que vivemos, saibamos nós, cristãos, fazer uso da nossa generosidade e converter os outros pelas nossas acções, mais do que pelas simples palavras, também necessárias, mas nem sempre suficientes. Cristo precisa das nossas mãos!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A Bíblia - o que sabemos?

Quem a escreveu?

É difícil dizer quem escreveu a Bíblia uma vez que não há rascunho nem "primeira edição". A partir do início do século XX, os investigadores concordam em dizer que certos livros da Bíblia, muito antigos, foram transmitidos oralmente e, muito tempo depois, postos por escrito. O Êxodo fará parte destes. O seu estilo arcaico e as suas repetições são típicas da tradição oral. Outros, pelo contrário, são "recentes" e foram redigidos directamente. Mas, mesmo entre estes encontram-se, por vezes, contradições, como se copistas meticulosos tivessem colado junto versões diferentes. Por exemplo, o Livro de Samuel apresenta seguidas duas versões diferentes do encontro entre Saul e David.Onde está a versão original?

Não existe uma versão original! As cópias mais antigas que possuímos destas versões remontam ao século X. Há sessenta anos, descobriu-se numa gruta chamada Qumran, na Cisjordânia, perto do Mar Morto, extractos de livros bíblicos inscritos em rolos de papiros cuja idade ultrapasa os dois mil anos. Contudo, isto não nos oferece qualquer indicação sobre os autores ou a data de redacção da Bíblia. O texto que serve de referência nos nossos dias é uma edição estabelecida em função destes diferentes manuscritos.

Em que língua?

A única coisa que temos (quase) certa é que o Antigo Testamento foi escrito em hebraico. Em todo o caso, algumas passagens foram escritas em grego ou em aramaico, seja por terem sido escritas nessas línguas, seja por terem sido traduzidas em grego e o original hebraico se perdeu.
Já o Novo Testamento foi inteiramente redigido em grego. Como os seus redactores queriam chegar ao maior número possível de pessoas, escolheram esta língua, que era a mais falada no mundo antigo. Entre o século II e o III, sábios judeus, os massoretas, editaram o texto em hebraico, juntando-lhe vogais (o alfabeto hebraico não assinalava as voais, razão pela qual o sentido de certas passagens nem sempre é claro). As cópias mais antigas que possuímos remontam ao século X.


Uma grande Biblioteca

Tudo se passa como se os hebreus tivessem reunido, ao longo dos tempos, livros e histórias num só livro, que seria como uma grande biblioteca. Aliás, é esse o significado da palavra "Bíblia", que vem do grego ta biblia, "os livros". Contudo, é mais do que uma biblioteca em que os livros se dispõem simplesmente ao lado uns dos outros. Porque esses livros repercutem-se uns nos outros, através de dados históricos, de números simbólicos, de termos carregados de todo o significado que tinham neste ou naquele livro.