Palavra de Deus para uns, texto fundador para outros,
a Bíblia tem as suas raízes nas profundezas da humanidade.
Desde há dois mil anos, os leitores encontram aí respostas
às inquietudes e incoerências dos seus tempos.
O nosso mundo actual não escapa a essa regra o que leva os jovens
a questionarem-nos e a questionarem Deus
sobre as suas aparentes contradições:
«Se Deus existe, porque existe o mal e a violência?»
«Como pode Jesus dizer: Este é o meu corpo?»
Mas ler a Bíblia nunca foi fácil.
O apóstolo Filipe, vendo um alto funcionário egípcio
debruçar-se sobre as visões do profeta Isaiás, pergunta-lhe:
«Compreendes verdadeiramente aquilo que lês?»
E o estrangeiro responde:
«Como posso compreender se ninguém me explica?» (Act 8, 30)
4 comentários:
É bem verdade que não sabemos ler a Bíblia!
Todos nós cristão deveriamos fazer um esforço para termos mais formação sobre a nossa Religião e bem que podiamos começar por "aprender" a ler a Bíblia!
A Bíblia…
Não, não vou falar da interpretação que o Antigo Testamento tem tido ao longo dos tempos.
Apenas responderei com outra pergunta ao que o estrangeiro replicou, «Como posso compreender se ninguém me explica?».
Quem é a Entidade ou a Pessoa que possui a Verdade para a explicação?
Durante um longo período da História, a leitura da Bíblia foi vedade aos leigos... A Bíblia era lida apenas pelo Clero.
Hoje em dia, o verdadeiro Cristão deve ter uma Bíblia, e usá-la regularmente... Usar a Bíblia não como um enfeite ou amuleto, aberto no Salmo 90 e esquecida em cima de um móvel mas lida, meditada, orada e escutada.
A interpretação dos textos bíblicos suscita um vivo interesse e muita discussão, sinal da importância fundamental da Bíblia para a vida da Igreja.
"Como posso compreender se ninguém me explica?"
É um facto que ninguém é dono da Verdade Absoluta mas podemos, em conjunto, ir tentando descobrir e explicar um pouco mais a Palvra de Deus contida na Bíblia... É nesse sentido que tentarei todas as semanas falar um pouco da Bíblia: o que sabemos sobre ela, quais os Livros da Bíblia, como estão dividos, será a leitura realidade ou ficçção...
Espero poder contar também com os vossos comentários para assim nos ajudarmos uns aos outros a compreender mais sobre a Bíblia.
Até breve!
Hélder Caetano
Faço aqui um comentário extenso, mas que poderá ser útil a quem se debruça no estudo da Bíblia. Trata-se de um pequeno resumo do que ouvi esta semana no encontro inicial de um Curso Bíblico em Lisboa.
O INTERESSE NO ESTUDO DA BÍLBIA
Não é por acaso que a Bíblia é o livro mais lido em todo o mundo. A Igreja nasce da Palavra de Deus, que nos chega através da Bíblia. É nesse livro que o cristão encontra as raízes e a razão de ser da sua fé: a Bíblia fala-nos da presença de Deus na vida e na história do homem, transmitindo uma mensagem para a sua vida. O conhecimento da Bíblia é imprescindível para compreendermos o mundo em que vivemos.
A BÍLBIA É COMUNICAÇÃO
O Deus da Bíblia é um Deus-falante, um Deus interveniente na História. A Bíblia trata-se então de um meio de comunicação entre Deus e os homens. Tal como qualquer processo de comunicação, compõe-se de vários elementos:
- Emissor – Deus;
- Receptor – Homem;
- Mensagem – Plano de Salvação para a Humanidade;
- Canal – Profetas, Jesus Cristo, Apóstolos, Espírito Santo;
- Contexto – Situação Histórico-Temporal.
Neste processo de comunicação é importante um feedback bilateral: Deus inicia o diálogo com a Sua Revelação ao Homem, que por sua vez responde pela sua Fé em Deus.
REVELAÇÃO E MISTÉRIO DE DEUS
O Cristianismo tem a sua origem no fundamento da Revelação. Ao longo dos tempos levantaram-se alguns argumentos contra esta realidade, pelo que em 1965 nasceu a Constituição Dogmática sobre a Divina Revelação, Dei Verbum (O Verbo de Deus), uma das quatro constituições do Concílio Vaticano II.
A revelação divina é realmente Palavra de Deus, mas é também acontecimento, manifestação e desenvolvimento do plano de Deus, ao longo da História, por diversas etapas:
1. o proto-evangelho ou primeiro anúncio da salvação;
2. a aliança com Noé;
3. a escolha de Abraão, com a aliança e as promessas;
4. o êxodo ou a saída do Egipto, com Moisés, e a aliança do Sinai;
5. a promessa a David de um Messias descendente da sua linhagem;
6. o Exílio ou cativeiro da Babilónia e o regresso à Terra Prometida, no Antigo Testamento;
7. a Encarnação do Redentor;
8. a Igreja fundada por Cristo;
9. a Parusia ou segunda vinda do Senhor.
A Revelação, Palavra de Deus, é transmitida à comunidade cristã pela Sagrada Escritura, actualizada e interpretada pelo Magistério da Igreja. Este Magistério, segundo a Tradição Apostólica, é formado pelos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, que é o Bispo de Roma: o Papa.
Termino o meu comentário com uma frase do Evangelho de São Lucas, no seguimento das Bem-Aventuranças que escutámos na liturgia de hoje: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”.
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