quinta-feira, 26 de março de 2009

V Domingo da Quaresma

Se o grão de trigo, lançado à terra, morrer, dará muito fruto.

Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus». Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome». Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-l’O». A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou». Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por vossa causa. Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim». Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer.
(Jo 12, 20-33)



PENITÊNCIA



Na linguagem comum dizemos que fazemos uma penitência quando fazemos alguma coisa difícil ou que nos custa. Em linguagem religiosa dizemos que fazemos uma penitência quando fazemos alguma coisa que nos ajuda a reorientar as nossas relações para o amor a Deus e aos outros, quer tenha sido difícil e custosa quer tenha sido fácil e agradável. O essencial da penitência não é o custar-nos mas o mudar-nos. Penitência é a abertura do coração ao amor. Acontece por dentro, no coração. Ninguém vê, só Deus, que vê no segredo. Vêem-se depois os frutos, nas nossas relações aumenta a fé, aumenta a esperança, aumenta o amor. Aumenta a nossa capacidade de entrega na vida do dia-a-dia.
O sentido da penitência está implícito no Evangelho de hoje, a ideia de “perder” alguma coisa para ganhar ou dar a ganhar algo de muito maior e mais profundo, que é a nossa vida em Deus. O que importa jejuar ou fazer outros sacrifícios, se isso não tiver um sentido, se não for um exercício de liberdade interior e de maior ligação ao que é essencial?
A penitência tem que ser movida pelo amor, pela vontade de mudar, de deixar para trás o homem velho, tem de ser um exercício para sermos o homem novo, convertido pelo amor.

Em que é que tenho de morrer, para dar fruto?

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